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  • O ACETO BALSAMICO TRADIZIONALE DI MODENA - DOP

    Hoje, o Vinagre Balsâmico Tradicional é protegido pela marca DOP, obtida em 2000, e produzido com duas denominações distintas nas províncias homônimas: Aceto Balsamico Tradizionale di Modena (Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena)  e Aceto Balsamico Tradizionale di Reggio Emilia (Vinagre Balsâmico Tradicional de Reggio Emilia).

    O que os une é certamente o processo de fermentação, que dura pelo menos 12 anos, e o ingrediente do qual são obtidos, o mosto de uva cozido.

    Por isto não se confundem com a outra famosa especialidade local, o vinagre balsâmico de Modena IGP, que na composição vai vinagre comum de vinho.
    APONTAMENTOS HISTÓRICOS
    UM VINAGRE (ACETO) ESPECIAL
    Desde a época dos antigos romanos, também aparecem evidências escritas de um produto especial, de um vinagre diferente, muito especial em termos de aroma e sabor, que se desenvolveu nos territórios das atuais províncias de Modena e Reggio Emilia.

    O vinagre balsâmico foi testemunhado pela primeira em documento apenas em 1747, no "Cadastro de vindimas e vendas de vinhos por conta das caves secretas ducais". O que é esse produto e qual sua origem? E porque que existem hoje no mercado dois tipos diferentes de vinagre balsâmico obtidos a partir de diferentes processos de produção? Nestes territórios desde a antiguidade existia uma grande produção de uvas obtidas a partir da vinha selvagem chamada “Vitis Labrusca”. Existem dúvidas razoáveis de que os romanos quisessem conquistar esta área, expulsando os etruscos, precisamente para a produção de uvas. Cícero escreveu que o vinho obtido era excelente, mas devia ser bebido jovem porque não durava muito. Assim, se por um lado o vinho não apresentava resistência ao envelhecimento e apresentava dificuldades de comercialização, por outro lado o suco da uva era de grande interesse porque, se concentrado, era muito procurado como adoçante. 

    O mosto de uva, dependendo dos usos, podia ser concentrado em três níveis diferentes. Caroenum se concentrasse em 30%, Defrutum em 50% e Sapa se reduzisse a um terço, mesmo que os três níveis pudessem se referir a receitas diferentes, como se deduz das inúmeras contradições nos textos antigos. Lucio Giunio Moderato Columella, que viveu de 4 a 70 DC, em "De Rustica" descreve as características do mosto cozido produzido na área que hoje corresponderia às províncias de Modena e Reggio Emilia e destaca que o líquido agridoce pode facilmente azedar facilmente. Para isso, Columella recomenda reduzir o mosto em pelo menos um terço do volume originário para obter um produto ótimo e denso. Descreve a utilização do mosto cozido como aditivo para vinhos e vinagres e como adoçante no lugar do mel, que era muito caro naquela época. Plínio, o Velho, confirmava na "Historia Naturalis" que a sapa e o defrutum eram produtos para substituir o mel, mais raro e caro, ou para fazer molhos com outros ingredientes. Tratava-se, portanto, de uma novidade, um mosto cozido e concentrado que por vezes podia azedar ou era propositalmente azedado, precisamente nesta zona que na época era conhecida pela grande produção de uva. 
    Com um salto de algumas centenas de anos, sempre na mesma área, o monge Donizone, descreve no "De Vita Mathildis" (1111-1116 dC) um episódio do ano de 1046 relativo a Henrique II, rei da Francónia (reino composto por praticamente toda a Europa Central, incluindo o norte da Itália) que enviou um pedido ao Marquês Bonifacio do Feudo di Canossa para uma pequena garrafa "daquele vinagre que lhe foi elogiado e que ele tinha ouvido dizer que era feito lá perfeitamente ". O Marquês de Canossa, chamando os seus artistas, mandou fazer às pressas uma escultura em prata representando uma carroça puxada por bois e, colocando sobre a carroça uma garrafinha do seu vinagre, mandou de presente ao rei que "teve muito apreço pelo magnífico presente". Henrique II estava a caminho de Roma para ser coroado Imperador pelo Papa e, ainda mais por isso, aquele presente tinha que representar algo verdadeiramente especial. O texto do monge Donizone é o primeiro documento que atesta a presença, no território das atuais províncias de Modena e Reggio Emilia, de um vinagre tão excepcional que poderia ser enviado de presente a um Rei!
    Os Este e o Balsamico
    A partir do século XVI os acontecimentos do vinagre balsâmico estarão intimamente ligados à história da família Este. Num volume anônimo conservado na Biblioteca Estense de Modena intitulado “La Grassa. Libro de Boletini" (1556) vem reportado que nas despensas ducais existiam vinagres classificados em diferentes níveis de qualidade a utilizar consoante a necessidade: "agresto", "comum", "comum para a boca", "para a mesa". , "para o campo" , "para cozinhar", "para senhores". Os arquivos municipais dão grande testemunho do movimento em torno da produção de um vinagre diferente do comum, e isso tem sua origem na mais antiga e genuína vocação do povo de Modena para fazer vinagre. A fama deste vinagre difundiu-se rapidamente, alimentada também pela aura de mistério que envolvia a sua preparação. É um fato que o encanto deste bom e misterioso líquido deve ter contagiado a Corte Estensi quando se mudou para Modena, que de imediato demonstrou grande apreço e, nos séculos seguintes, deu ao vinagre balsâmico uma "patente aristocrática". Já Francesco I d'Este (1629 - 1658) demonstrou particularmente interessado na produção deste vinagre, tanto que durante as obras de construção do Palazzo Ducale previu a instalação da fábrica de vinagre (Acetaia) na chamada torre "del prato" . 

    Em 1638, o próprio Francisco I dirigiu-se em grande pompa a Madri para a corte de Filipe IV, carregando uma carruagem cheia de presentes, dentre os quais garrafinhas de um vinagre balsâmico centenário. Uma também foi oferecida ao artista plástico Diego Velázquez, que deveria retratar o Duque. Uma vez que, dada a excecionalidade deste vinagre, o Duque costumava presentar os seus pares nas cortes europeias, muitas vezes em quantidades muito superiores às suas próprias produções, era dever das famílias aristocráticas mais próximas fornecer-lhe o nobre produto. 
    Em 1764, o duque Francesco III, por ocasião da estada no ducado do grão-chanceler da Moscóvia, conde Michele Woronzow, deu-lhe de presente "uma caixa com tigelas de vinagre balsâmico da corte". O conde Michele ficou tão entusiasmado com o condimento perfumado que pediu que fosse enviado para sua família e para a czarina Catarina, a Grande. Até a coroação do arquiduque Francisco da Áustria como imperador do Sacro Império Romano da Nação Alemã, em 1792, foi festejada pelo duque Ercole III d'Este, enviando uma ampola de vinagre como presente para a importante cerimônia. Mais uma vez, a preciosidade do produto, aliada às lendárias qualidades terapêuticas que lhe foram atribuídas, favoreceu a sua utilização como oferta exclusiva, ainda que por vias diplomáticas. 

    No que diz respeito ao processo de produção, não existia uma metodologia oficial codificada, mas a produção seguia geralmente receitas familiares secretas que conduziam a vinagres com diferentes características.  Os inúmeros costumes familiares transmitidos de geração a geração ao longo dos séculos anteriores nos territórios de Modena e Reggio Emilia já tendiam a desembocar naqueles tipos que, a partir do século XVIII, eram normalmente chamados de "balsâmicos".
    Porque Balsâmico?
    Este adjetivo quis evidenciar capacidades terapêuticas e características para além do comum dos vinagres comuns. Havia interesse por parte dos comerciantes e em 1605 partiu um abastecimento substancial para a República de Veneza. Não podia ser e não era o mesmo produto que o Duque homenageava nas ocasiões mais solenes, mas um vinagre que também era da mesma forma extremamente apreciado na cozinha. Ao lado da produção de excelência, a ser transmitida de geração em geração como um dom precioso, desenvolveu-se uma produção, que também de qualidade, permitia um processo menos dispendioso capaz de gerar maiores volumes. Por ser doce e obtido do mosto de uva, também foi chamado de "balsâmico". 

    O primeiro documento que chegou até nós e utiliza este termo é "Registro de colheitas e vendas de vinhos por conta das duas adegas secretas do Paço Ducal de Modena" (1747), que registra a quantidade do produto transferido para o abastecimento anual da Acetaia ducal. Com a chegada do exército napoleônico, os oficiais perceberam imediatamente a preciosidade do vinagre das Acetaia ducais e leiloaram os barris da acetaia como despojos de guerra. Um apreço notável também veio de Carlo Vincenzi em seu Zibaldone: "o Vinagre de Modena é uma coisa que ressuscita os mortos - o Balsâmico da Casa d'Este, que foi em muitas outras coisas adulterado em 1796, não tinha igual em cópia, delicadeza e antiguidade”. 

    Em 1814, o duque Francesco IV, tendo recuperado a posse do Palazzo Ducale, providenciou a reconstrução das acetaia, mas a Restauração encontrou um mundo que já tinha mudado também para o vinagre. O balsâmico mais precioso já não era prerrogativa das famílias aristocráticas, mas também das famílias de classe média, agora abastadas, que dele se orgulhavam. Em 1817, o chanceler austríaco, príncipe Klemens von Metternich, visitou o Ducado de Modena e expressou seu desejo de provar o "melhor" daquele tal vinagre particular com o qual o duque vinha presenteando a família imperial dos Habsburgos há algum tempo. 
    Em 1832, as propriedades terapêuticas atribuídas ao vinagre balsâmico foram também reconfirmadas pelo famoso compositor Gioacchino Rossini, com uma carta que enviou ao seu amigo modenês Angelo Catellani, maestro da Cappella da Catedral de Modena, em agradecimento pelo vinagre que recebera como presente, «certamente dotado de comprovada eficácia refrescante e balsâmica». Ao mesmo tempo, as necessidades económico-comerciais favoreceram a tentativa de aumentar a produção com tempos drasticamente mais curtos, produzindo diferentes tipos de "vinagres modeneses" feitos de acordo com receitas baseadas em vários aromas e vinagres de vinho. No entanto, é hoje evidente que o produto natural à base de mosto de uva era o preferido: a chegada a Nonantola, em 1839, do Conde Giorgio Gallesio, conhecido pomólogo italiano e estudioso da agricultura, em visita às acetaie de vinagre do seu amigo o conde Salimbeni de alguma forma mostrou isso. Nas suas notas de viagem, cujos originais são propriedade da Dumbarton Oak Library (Washington D.C.), descrevia detalhadamente os processos de produção dos dois "vinagres balsâmicos": o obtido apenas a partir de mosto cozido e o obtido a partir de mosto fermentado e elaborado, definindo o primeiro como «excelente», o segundo como «também excelente», distinguindo assim as suas características do vinagre de vinho normal. 

    Em 1853 com os novos acordos alfandegários firmados entre a Áustria e o Ducado de Parma, o Vinagre Balsâmico também foi registrado pela primeira vez. O produto foi assim reconhecido no tecido econômico nacional aumentando a atividade das empresas produtoras do vinagre balsâmico mais comercial, mas isto não ofuscou o vinagre balsâmico dos antigos nobres e feito apenas de mosto cozido. A anexação do Estado dos Este ao Reino dos Savóias e depois ao Reino da Itália consagrou definitivamente a fama do elixir modenês a nível nacional e internacional, sendo que em 4 de maio de 1860 as fábricas de vinagre ducal receberam a visita do novo soberano Vittorio Emanuele II de Savóia e do Primeiro Ministro Camillo Benso Conde de Cavour. A consideração em relação ao vinagre do Duque foi muito elevada, tanto que se decidiu selecionar as melhores barricas e transferi-las para o castelo de Moncalieri. 
    Na época da anexação ao Reino da Itália, no Palácio Ducal de Modena de oito tipos diferentes de vinagres foram registrados: fino, balsâmico, semi-balsâmico, quase balsâmico, fino local, local comum, comum, agresto. Devido ao interesse suscitado por esta transferência, o enólogo Ottavio Ottavi também pediu conselhos ao advogado Francesco Aggazzotti para a instalação de uma acetaia, que em carta datada de 1863 lhe descreveu detalhadamente os métodos de produção de sua família. Este documento e a carta ao seu amigo Pio Fabriani (1862) tornar-se-ão a receita oficial e a base para as Disciplina de Produção do Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena. Por ocasião da Exposição Agrícola de Modena em 1863, algumas famílias da nobreza local apresentaram vinagres declarados centenários. Na Exposição Internacional de Paris (1878), os franceses demonstraram particular interesse pelo vinagre balsâmico. Na Exposição Emiliana de 1888 o Vinagre Balsâmico obteve o cobiçado reconhecimento de uma medalha.
    FORMAÇÃO DO CONSÓRCIO DE TUTELA
    A partir da década de 1950, ao contrário, a transferência cada vez mais intensa de famílias do campo para a cidade criou dificuldades na produção do Vinagre Balsâmico devido ao tempo e espaço disponíveis mais limitados, arriscando a perda da nobre tradição. Providencialmente, em 1967, Rolando Simonini, diretor do banco e patrocinador da feira local de San Giovanni in Spilamberto, organizou para a ocasião um desafio entre os melhores vinagres. Chamava-se "Palio dell'Aceto Balsamico Naturale" (Palio de Vinagre Balsâmico Natural), e teve tanto sucesso que foi fundado o "Consórcio de Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena-Spilamberto" para dar seguimento à iniciativa que tinha tido participação de cerca de cinquenta produtores. Esta associação de pequenos produtores determinará, nos próximos anos, uma revitalização das nobres produções familiares. 

    As iniciativas da Consorteria atraíram a atenção de inúmeros entusiastas da enogastronomia e jornalistas. Diante do grande interesse do mercado, os principais produtores com o apoio da Câmara de Comércio e da Consorteria obtiveram em 1987 a proteção do produto como Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena DOC (Denominação de Origem Controlada) e os produtores associados em consórcio iniciaram ao desafio comercial tanto a nível nacional como internacional. 

    Para poder distinguir o Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena dos numerosos condimentos propostos e elaborados de acordo com procedimentos não aprovados ou certificados, ao jovem designer automotivo Giorgetto Giugiaro foi solicitado pela Câmara de Comércio a projetar uma garrafa exclusiva para que se tornasse uma marca e símbolo do precioso produto. Esta garrafinha de 100 ml, engarrafada exclusivamente em centros de engarrafamento autorizados pelo Ministério da Política Agrícola, Alimentar e Florestal, quando fechada com o respectivo selo numerado, constitui a única garantia verdadeira de autenticidade e qualidade, conforme rege o Regulamento de Produção. Em 2000, foi obtida a proteção europeia como Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena D.O.P (Denominação de Origem Protegida) e, em 2009, o Ministério italiano confiou a proteção do produto ao Consorzio Tutela Aceto Balsamico Tradizionale di Modena DOP (Consórcio para a Proteção do Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena)
    Os objetivos declarados do Consorzio Tutela Aceto Balsamico Tradizionale di Modena DOP (Consórcio de Tutela do Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena DOP)
     Promoção da imagem do produto
     Garantia de respeito pelas antigas tradições
     Garantia de observância dos Regulamentos de Produção
     Apoio aos produtores na manutenção dos mais altos níveis de qualidade

    Promoção da imagem do produto
    O Consórcio de Tutela do Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena DOP em 2009 recebeu a o encargo do MIPAAF (Ministério de Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais que representa a Itália na União Europeia em matéria de competência) de proteção e promoção do Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena.
    Se a Itália com seus 836 produtos de Denominação de Origem e Indicação Geográfica é reconhecida como o único país do mundo pela "Excelência", o D.O.P. O Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena é certamente o produto testemunha das tradições que têm as suas raízes nas noites dos tempos, mas também a paixão, o amor à terra, a paciência e o saber fazer dos modenesi.

    Garantia de respeito pelas antigas tradições
    Denominação de Origem Protegida (D.O.P.) significa que a cadeia de produção deste vinagre ocorre absolutamente dentro dos territórios da Província de Modena, desde a colheita da uva até o envelhecimento do produto; constitui não só um patrimônio produtivo mas também cultural a conhecer e explorar.
    O Consórcio reúne a quase totalidade dos produtores que assim participam, como próprio empenho quotidiano produtivo e comercial, na divulgação do produto e suas peculiaridades.
    Garantia de observância das regras de produção
    De um lado, o Consórcio colabora com o OdC (Organismo de Controle) que certifica todas as fases de produção segundo um rigoroso plano aprovado pelo MIPAAF; por outro lado, coordena as atividades promocionais e fiscaliza os mercados para prevenir os frequentes casos de imitações, declarações enganosas ou incorretas e atua em benefício da transparência para com o consumidor e em defesa dos produtores que observam corretamente as regras de produção ditadas pelo Regulamento.

    Apoio aos produtores na manutenção dos mais altos níveis de qualidade
    O Consorzio Tutela ABTM oferece para todos os produtores o serviço de engarrafamento em seu centro, também autorizado pelo MIPAAF
    O seu presidente, Enrico Corsini, ocupou cargos importantes no mundo político e agrícola provincial no passado; não sendo produtor, constitui garantia de imparcialidade e representação desinteressada para todos os produtores.
    FASES DE PRODUÇÃO DO ACETO BALSAMICO TRADIZIONALE DI MODENA -DOP
    O Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena obteve a proteção/certificação DOC (Denominação de Origem Controlada) em 1986 (Lei 93 de 03/04/86). Foi reconhecida a certificação DOP (Denominação de Origem Protegida) pela Comunidade Europeia em 17/04/2000. É o resultado das particularidades e características edafoclimáticas e da variedade de uvas tipicamente cultivadas na zona de Modena, juntamente com a arte de cozinhar os mostos e os refinados procedimentos de trespasse anual entre os barris das acetaie (adegas de vinagre). É obtido a partir de uma única matéria-prima, o mosto de uva cozido. O ciclo produtivo, único no seu género e muito particular, não tem igual no panorama dos produtos agro-alimentares, e a qualidade final está intimamente ligada à experiência, know-how e paciência do produtor. O processo, extremamente artesanal, desenvolve-se em quatro fases principais: colheita e esmagamento, cozimento do mosto, fermentação e acetificação, maturação e envelhecimento.

    Vendemmia (colheita) e pigiatura  (esmagamento)

    As uvas que podem ser utilizadas são Lambrusco (todas as variedades e clones), Trebbiano (todas as variedades e clones), Ancellotta, Sauvignon, Sgavetta, Berzemino, Occhio di Gatta, e também as uvas de vinhedos registrados no DOC mas, todas em qualquer caso, produzidas e colhidas na província de Modena. A vinha é cuidada para que a produção seja no máximo de 16 Ton/ha (hectare) de uvas, quantidade muito mais limitada do que as quantidades permitidas para os vinhos DOCG locais, igual a 22 Ton/ha; as uvas são normalmente colhidas à mão para melhor escolher os cachos mas também porque os tempos de colheita permitem, sempre, o cozimento imediato do mosto fresco antes que tenha início a fermentação espontânea. A escolha do grau de maturação das uvas ou de eventuais percentagens de uvas no mosto fica ao critério do produtor. A prensagem suave permite obter um mosto "flor", doce e perfumado e com baixo teor de taninos.

    Cottura del mosto ( Cozimento do mosto)

    O cozimento do mosto é feita em caldeiras ao ar livre – céu aberto (portanto à pressão ambiente) e a fogo direto, a temperaturas que podem variar entre os 95 e os 70 graus, aumentando gradativamente a concentração de açúcares do mosto por evaporação. O tempo de cozimento lento pode as vezes ultrapassar as doze horas e fica ao critério do produtor de acordo com a colheita e as necessidades de cada bateria (linha de barris).

    Fermentação e acidificação

    O mosto cozido é deixado resfriar e decantar, e, sucessivamente iniciada a fermentação por leveduras e fermentos naturalmente selecionados na própria acetaia. O mosto cozido fermentado é então utilizado para alimentar as "barricas-mãe", onde o álcool produzido pela fermentação é lentamente transformado pela Acetobacter em ácido acético, conduzindo à produção de vinagre base, que por concentração progressiva e paciente na bateria (sequência de toneis/barricas) dá origem à complexidade organoléptica inimitável do Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena.

    Maturazione ed invecchiamento (Maturação e envelhecimento)

    Estas fases finais e características decorrem na própria unidade de produção que é a "bateria": um conjunto de barricas (tonéis) de volumes normalmente decrescentes, muitas vezes de madeiras diferentes, por onde o vinagre passa ao longo dos anos graças à prática anual de “trasvasar”. Esta operação é realizada anualmente e geralmente na estação fria, a fim de compensar as faltas por evaporação natural e retiradas. Normalmente, no período de inverno, o menor barril é nivelado com a quantidade necessária de vinagre retirado do segundo barril, depois o segundo é completado com o vinagre retirado do terceiro e assim se processa até o último barril da bateria que por sua vez é "reforçado/completado" com o vinagre base retirado dos barris mãe. 

    O processo decorre assim anualmente, habilmente regido pelo próprio produtor, que efetua e acompanha criteriosamente todas as operações que suportam a bateria na sua lenta maturação, sendo que só passados pelo menos 12 longos anos é possível retirar da última barrica/baril/tonel, o menor, uma taxa anual de produto acabado. 
    Continuando com este procedimento, ano após ano, a qualidade e complexidade organoléptica do vinagre tende a melhorar até que possa ostentar a denominação "Extravecchio" após pelo menos 25 anos de cuidados contínuos e hábeis do produtor. É, portanto, um processo "contínuo" com equilíbrio síncrono entre as quantidades tomadas e as transferidas e completadas para que a complexidade das transformações físico-químicas que se processam lentamente naquele laboratório único e inimitável representado pela bateria, traga tempo para o produto alcançar a correta fluidez do xarope, o equilíbrio harmonioso dos componentes doce e ácido e o rico buquê de aromas e sabores que identifica o Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena. Deve-se ressaltar que as baterias, se gerenciadas corretamente, podem aspirar a atingir níveis de qualidade cada vez mais altos após quantidades de retirada anual devidamente limitadas, a critério do produtor.
    CONTROLE E ANÁLISES
    O Aceto Balsamico Tradizionale di Modena é o único produto DOP que, apesar de ter cumprido o período de envelhecimento como exigido pelo Regulamento, só poderá ostentar o nome de Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena se passar no teste organoléptico de uma comissão de provadores especializados. É a última fase, a da validação, que certifica as características organolépticas do produto após o longo período de envelhecimento imposto pelo Regulamento, autorizando seu engarrafamento e, por fim, a denominação de Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena D.O.P. Como já foi explicado, o processo de produção é “contínuo” e, após pelo menos 12 anos de envelhecimento, se a seu juízo tiverem sido alcançadas as características necessárias, o produtor passa a retirar apenas uma pequena taxa anual do último barril da bateria.

    Posteriormente, a cada ano, ele pode retirar uma quantidade semelhante de produto que consiste no máximo em 3% do conteúdo da bateria (normalmente entre 100 e 300 litros); se, por outro lado, a atividade da bateria exceder 25 anos, a retirada como produto Extravecchio é permitida no limite de apenas 1,5%. É, portanto, uma pequena quantidade anual para cada bateria e o produtor pode decidir combinar os rendimentos das várias baterias (separando apenas o produto Extravecchio) para formar um único lote, ou manter separados os das baterias cuja qualidade é particularmente preciosa. O produto é então transferido para a central de engarrafamento e imediatamente testado quanto às suas características físico-químicas: densidade e acidez. A densidade deve ser superior a 1,24, enquanto a acidez, calculada em peso, deve ser superior a 4,5. Se tudo estiver conforme, o recipiente permanece lacrado até a intervenção do oficial do Organismo de Controle que coleta 3 amostras de cada lote e lacra novamente o recipiente.
    O funcionário anonimiza as amostras e reúne uma comissão de pelo menos 5 provadores qualificados. Se a amostra for aprovada, procede a uma análise mais aprofundada da conformidade documental e, se o resultado for positivo, comunica ao Centro a autorização para engarrafamento.

    A degustação do produto consiste na quantificação das características organolépticas, que são perceptíveis pelos três principais sentidos do provador: visão, paladar, olfato. O exame visual, com a ajuda da luz de uma vela, permite julgar densidade, cor, clareza; o exame olfativo, o de maior peso em importância, analisa com base na franqueza, delicadeza, intensidade e acidez; o exame gustativo, que confirma as sensações olfativas, analisa plenitude, intensidade, sabor, harmonia e acidez. Se o produto não for aprovado, geralmente volta para a acetaia porque precisa de mais um período de envelhecimento.

    A GARRAFA
    As imitações sempre foram um grande problema para o reconhecimento do autêntico Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena DOP. Em 1987, na tentativa de resolver o problema, a Câmara de Comércio de Modena contratou o jovem designer automotivo Giorgetto Giugiaro, agora famoso em todo o mundo, para projetar uma forma de garrafa que se tornasse distintiva e até mesmo uma marca para o produto.
    Foi projetada uma garrafa de 100 ml que se assemelha a uma ampola esférica, em vidro maciço transparente e de fundo retangular, cujo estilo lembra o frasco usado pelos provadores. Esta garrafa, definida como "di Giugiaro", é a única garrafa oficial de todos os produtores. O produto é engarrafado apenas após a aprovação de provadores especializados e apenas por um centro de engarrafamento especificamente autorizado pelo MIPAAF e sujeito a controles da cadeia de abastecimento. Quando a garrafa é fechada com o selo especial numerado, é a única garantia real de autenticidade e qualidade.
    A garrafa onde é colocado o Aceto Balsamico Tradizionale di Modena ou Reggio Emilia é especial . Ela garante autenticidade. Deve ser única para todos os produtores,
    IL SIGILLO - O SELO
    Devido à multiplicidade de parâmetros que condicionam o nível de complexidade do produto, além do longo período de envelhecimento, o Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena só pode ostentar a Denominação de Origem Protegida após a aprovação pelos provadores especializados e o engarrafamento pelo centro autorizado pelo MIPAAF.
    O lacre na tampa da garrafa possui um número de série precedido da letra A para o produto D.O.P.12 e da letra E para o produto Extravecchio. Menos evidente que o primeiro, logo abaixo há um número: está vinculado ao número de série por um algoritmo secreto conhecido apenas pelo instituto de certificação (OdC, Organismo de Controle designado pelo MIPAAF). Em caso de controle, a relação exata entre os dois números atesta a autenticidade da garrafa e exclui quaisquer imitações.
    Além do número de série e do número de controle, o selo mostra o nível de qualidade do produto (se Extravecchio), o conteúdo e a denominação completa: isto constitui uma garantia de que o produto contido na garrafa foi submetido a todos os controles da cadeia de suprimentos conforme exigido pelos Regulamentos de Produção.
     A BATERIA 
    Uma bateria ou um tonel/barril SÓ podem ser certificados para a produção de Vinagre Balsâmico Tradicional de Modena D.O.P. se estiverem registados na cadeia de produção, se estiverem na zona de Modena e se tiverem um proprietário responsável pela sua gestão.

    Infelizmente, as casas hoje são pequenas e nem sempre permitem a possibilidade de manter e cuidar de uma bateria de barris/tonéis. Por outro lado, a “bateria” representa um mundo de emoções, memórias, orgulhos e paixões que a tornam objeto de desejo e é considerada um “Símbolo de Status” mesmo fora do território de origem. Muitas vezes acontece que visitantes de todo o mundo, bem como italianos residentes na área ou mesmo de Modena em um momento importante de suas vidas, manifestam o desejo de comprar baterias de vinagre balsâmico para usar a produção para consumo familiar ou para oferecer presentes de alto -nível. No entanto, sabe-se que uma vez fora da área de Modena ou de um ambiente certificado, o produto perderia sua denominação, o direito de ser engarrafado na garrafa legal e, provavelmente, sua própria qualidade.
    Isso não é novo: até o rei Vittorio Emanuele II e o conde Cavour, em 4 de maio de 1860 em visita a Modena para a anexação do ducado de Estense ao reino de Savoia, ficaram fascinados com as características do elixir de Modena e decidiram transferir o vinagre do duque em Moncalieri. No entanto, não tendo disponível ninguém com experiência para a manter, perdeu-se qualquer vestígio daquela Acetaia (fábrica de vinagres).
    O encanto da acetaia é tal que hoje, frequentemente, quem pretende adquirir uma bateria produtiva e certificada faz um verdadeiro contrato com o fabricante da sua confiança que no futuro garantirá a manutenção e certificação da própria bateria. Às vezes, compram-se barris ou baterias para deixar o usufruto para alguém que possa acompanhar sua atividade, como já aconteceu muitas vezes com os meninos da escola "La Lucciola" em Stuffione di Ravarino.
    Às vezes, um barril/tonel é dedicado a um evento importante da vida, em outros casos, uma bateria é dedicada a um filho ou filha por ocasião de seu nascimento, para que, quando crescerem, guardem a memória de seus pais ou o vínculo com o território, além de se orgulhar do produto único em si.
    No entanto, trata-se de uma compra com contrato particular do “Baliatico” com o produtor, conceitualmente semelhante aos acordos de quem, no passado, deixava a responsabilidade de criar e educar os filhos para as amas de leite. De acordo com este contrato, todos os anos, o produto acabado pode ser engarrafado na garrafa legal de 100 ml conhecida como "di Giugiaro" com grande satisfação do atual proprietário que pode destinar-lo orgulhosamente à família e amigos mais próximos.

    PROPRIEDADES E USO 
    Antigamente, na zona rural de Modena, costumavam dizer: “O que é ruim faz bem”. Mas hoje poderíamos pensar que esse conceito seja válido? A moderna indústria químico-farmacológica consegue tornar aceitáveis os tratamentos e medicamentos mas, pelo menos num setor, a própria natureza criou um medicamento portentoso, mas de sabor sublime: o Tradicional Vinagre Balsâmico de Modena. Não é novidade, aliás é a confirmação das prováveis razões que sugeriram o nome Balsâmico para este produto que nos provém de uma das tradições mais antigas de Modena. A comprovação das propriedades terapêuticas vem de inúmeros estudos sobre o produto e suas matérias-primas, realizados por universidades e institutos de pesquisa de todo o mundo.

    Para o Balsâmico Tradicional, que no passado era prerrogativa apenas de famílias aristocráticas ou ricas, numerosos documentos antigos atestam o quanto este nobre produto foi usado no passado por suas qualidades curativas. Provavelmente, só depois da guerra, graças à enorme eficácia das preparações medicinais sintéticas, o vinagre foi rebaixado, no pensamento comum, a um simples produto alimentar. Estudos recentes, no entanto, atestam a confiabilidade de documentos históricos relativos ao uso terapêutico do "vinagre balsâmico" que ilustres personalidades como Lucrezia Borgia, Isabella d'Este, Francesco IV d'Este e o próprio Gioacchino Rossini praticaram. Foram identificados os efeitos positivos dos polifenóis e em particular do resveratrol (do qual as uvas são particularmente ricas), correlacionados com importantes atividades antioxidantes, antiproteases e antimutagénicas (químico-físicas), vasoprotetoras (farmacológicas) e auxiliares nos aspetos oftalmológicos (clínicas). Do exército desses componentes - variando de ácidos fenólicos a flavonóides, de hidrolisáveis a taninos condensados, incluindo antocianinas - uma importante atividade antioxidante pode ser encontrada através da captura de radicais livres no sangue e inibição da peroxidação lipídica. Sabe-se que essas propriedades determinam a inibição do dano endotelial envolvido em todos os processos inflamatórios. Com efeito, o flavan-3,4-diol, uma das estruturas básicas dos taninos condensados, teria demonstrado em vários modelos bioquímicos de prevenir situações patológicas dos fenômenos de isquemia. As procianidrinas mostrariam uma atividade protetora vascular interessante devido às suas propriedades antioxidantes e antiperoxidativas, mas também antiprotease e antiglicosidase. É interessante destacar que parecem favorecer uma melhor nutrição das estruturas da retina graças a uma importante atividade microvascular protetora. E o conhecido valor dos sais minerais, vitaminas e açúcares que vêm diretamente do mosto da uva para o Balsâmico Tradicional? Estes são os ingredientes básicos de preparações alimentares para consumo especializado (dieta de desportistas) e suplementos. Entre as vitaminas da uva, encontramos a vitamina C, até 1 por cento da quantidade comestível, mas também caroteno, tiamina, riboflavina e niacina, em quantidades que aumentam com o amadurecimento. 
    O suco de uva contém até 65% de frutose, o açúcar de menor valor calórico e normalmente também muito utilizado no setor comercial para a produção de produtos para diabéticos, esportistas e estudantes. Aspecto não menos importante, em importância, é o dos sais minerais, em particular os sais de potássio, fundamentais na função muscular e na contratilidade miocárdica.

    Depois de todas estas considerações, podemos certamente acrescentar que o Vinagre Balsâmico Tradicional, o concentrado de tudo isto, tem também sabores e aromas incrivelmente bons e inebriantes, um excelente incentivo à boa disposição. E o fato de os antigos produtores (mas também os contemporâneos) afirmarem que entre as barricas da sua acetaia o estado de espírito melhora e estão em paz consigo próprios? De qualquer forma não estamos autorizados a defini-lo, como no passado, um extraordinário condimento alimentar com grandes propriedades curativas e medicinais. Apenas médicos e pesquisadores podem apoiá-la, mas a grande enciclopédia universal da Internet oferece inúmeras informações sobre ela.

    Em Modena e Reggio Emilia orgulham-se deste vinagre especial porque subverte o velho clichê de que "o que é ruim fa bem ", testemunhando que "até o que é bom pode ser fazer bem ". Para entender que é tão bom, basta usá-lo nas preparações ou ingredientes mais simples, em carnes cozidas como em vegetais, em assados como em frutas, sorvetes; todas as vezes teremos à mesa um esplendor de aromas e sabores sublimes, dignos de um Rei.

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