DOC da Emilia-Romagna - BOSCO ELICEO DOC
Vinhos Bosco Eliceo DOC/DOP
Ao longo da costa do Adriático, em Ferrara entra-se no território do Vini delle Sabbie (vinhos das areias), terra onde as videiras são cultivadas nas brisas perfumadas e no esfoliante mediterrâneo, que se nutrem das raízes afundadas na areia. Nesta área encontram-se os vinhos das areias.
Esta é uma zona vinícola muito particular, que se estende entre a foz do rio Pó e a foz do rio Reno (e que inclui o Parque Regional do Delta do Pó). Esta faixa do litoral adriático é caracterizada por dunas paralelas à costa, bosques, vales salgados e salinas.
Nesta zona foi determinante a presença etrusca e bizantina e a seguir os frades beneditinos, que construíram os conventos de Pomposa (FE) e de Classe (RA), iniciando os trabalhos de aterro das áreas alagadas e introduziram práticas agrícolas mais idôneas, como a cultura dos vinhedos ao invés do reflorestamento. Um posterior desenvolvimento da viticultura na zona do Bosco Eliceo ocorreu com os Estenses no período de máximo esplendor da sua corte, em torno da metade do sec. XVI.
A forte identidade dos vinhos obtidos permitiu a criação de uma Denominação de Origem específica, o DOC Bosco Eliceo.
O regulamento que disciplina a produção dos vinhos com a Denominação de Origem Controlada Bosco Eliceo foi aprovado pelo DPR 03.01.1989 G.U. 144 - 22.06.1989, modificado posteriormente por vários decretos ministeriais.
Para os vinhos DOC “Bosco Eliceo” as uvas devem ser produzidas em todo o território dos Municípios de Goro, Mesola, Lago Santo ou em área delimitada nos Municípios de Comacchio, Argenta e Codigoro todos da Província de Ferrara e em área delimitada nos Municípios de Ravenna e Cervia na Província de Ravenna.
Aqui a cepa principal, cultivada a partir do século XI, graças ao aterro das áreas alagadas realizado pelos monges de Pomposa, é a Fortana também chamada Uva D'Oro (da Côte d'Or na Borgonha, de onde Renée di Francia a teria trazido como dote para a Duca d'Este), outra espécie típica da Emilia-Romagna.
Deixando o nome de lado, as cepas encontradas hoje nas fileiras são baixas e plurisseculares. Graças ao solo arenoso, na verdade, eles até resistiram à filoxera(1) (início do século 20) e, portanto, são únicos na Itália.
A forte identidade dessas vinhas, no entanto, decorre das condições extremas do seu habitat: um ambiente úmido, com neblinas impenetráveis, onde o ar está embebido com sal e o solo é arenoso e muito pobre. O mar e a falta de água doce (muitas raízes também tomam água do mar) estão entre os elementos que contribuem para o seu caráter único.
Pouco álcool e mineralidade fazem do Fortana um vinho que se adapta a todas as situações, desde aperitivos até jantares de peixe.
Vejamos as características principais dos vinhos DOC Bosco Eliceo:
(1) Filoxera é o nome comum do hemíptero da família Phylloxeridae da espécie Daktulosphaira vitifoliae (Fitch, 1854), por vezes designada pelo seu sinónimo taxonómico Phylloxera vastatrix (Planchon, 1868). A partir do último quartel do século XIX, a filoxera constituiu-se como a praga mais devastadora da viticultura mundial, alterando profundamente a distribuição geográfica da produção vinícola e provocando uma crise global na produção e comércio dos vinhos que duraria quase meio século.
Sumário de terminologias
GAM = Graduação Alcoólica Mínima
T.I.C = Temperatura ideal para o consumo
1- Um quintale (q.l ) quintal é uma unidade de medida de massa equivalente a 100 kg. Não é utilizada pelo sistema Internacional de Medidas, mas muito difusa na Itália e Europa, e ainda de uso comum, sobretudo como medida dos produtos agrículas.
2 - Vinoso - Cheiro do local de preparação do vinho
3 - Grená - Cor próxima ao bordô
4 - Maceração carbônica é a transformação do açúcar contido nas uvas inteiras – ou seja, não esmagadas – em álcool sem a ação de leveduras. Cachos inteiros de uvas são dispostos no tanque de fermentação, tomando-se o cuidado para que as frutas não estejam partidas, não estejam com sua pele rompida.