Com suas 790 receitas de todas as regiões da Itália, reunidas pelo autor Pellegrino Artusi, com uma paciente paixão ao longo de mais de 20 anos e inúmeras viagens, La scienza in cucina e l´arte di mangiar bene (A ciência na cozinha e a arte de comer bem) é o livro mais famoso e lido sobre a cozinha italiana, aquele do qual todos os grandes cozinheiros e chefs dos últimos séculos tiraram inspirações e sugestões.
A primeira edição de 1891, com mil exemplares, foi totalmente custeada pelo autor e obteve um verdadeiro sucesso.
Em vinte anos foram publicadas 14 edições. Em 1931, chegou-se à 32ª edição e L´Artusi, como ficou conhecido o livro, era um dos livros mais lidos pelos italianos, junto ao I promessi sposi e Pinocchio.
O volume, que ainda hoje conta um grande número de edições e uma vasta difusão, reúne 790 receitas: das sopas aos drinks, passando através das massas, antepastos, carnes e sobremesas. A linguagem e o estilo de narração são didáticos e as receitas são acompanhadas de reflexões e anedotas do autor.
O livro de Artusi foi o primeiro a dar dignidade e valorizar o mosaico de tradições regionais que era e é até hoje a gastronomia italiana. Teve o grande mérito de impor, pela primeira vez, uma visão unitária e econômica da cozinha italiana, valorizando as tradições regionais e buscando uma tradição gastronômica nacional.
O manual de Artusi já foi traduzido ao alemão, holandês, inglês e espanhol. Além disto, em colaboração com a Escola Superior de Línguas Modernas para os Intérpretes e Tradutores de Forlì, foram efetuadas diversas teses sobre o livro .
Artusi entrou como leigo no corpo misto do hábito italiano de comer. Cada receita do livro pode ser lida de vez em quando até mesmo pelo único prazer de ler, considerando o estilo lingüístico com que são escritas, ou então para seguir as vias do sabor e cozinhar os pratos propostos.
O próprio Artusi narra de forma irônica na introdução que intitulou de História de um livro que parece a estória da Cinderela as críticas e dificuldades encontradas para a publicação do livro: o severo juízo do professor Trevisan que sentenciou - Este é um livro que terá pouco êxito; os dois livros que havia doado a uma feira beneficente a Forlimpopoli cujos ganhadores do sorteio foram vendê-los na tabacaria não sabendo o que fazer deles.
Além das 790 receitas das várias regiões da Itália com destaque para a Emilia-Romagna, obviamente a maior parte do livro, Artusi dedica um capítulo com conselhos ao leitor onde destacou: com este manual prático basta que saiba segurar uma concha na mão. Faz comentários sobre algumas normas de higiene, sobre o poder nutritivo das carnes, apresentando ainda explicações sobre termos do vulgar toscano que nem todos entenderiam. Não faltam, enfim, conselhos de uma cozinha para os estômagos delicados e pratos para as festividades anuais.
O livro de Artusi foi o primeiro a dar dignidade e valorizar o mosaico de tradições regionais que era e é até hoje a gastronomia italiana. Teve o grande mérito de impor, pela primeira vez, uma visão unitária e econômica da cozinha italiana, valorizando as tradições regionais e buscando uma tradição gastronômica nacional.
Não se pode esquecer do valor lingüístico da obra, que ajudou através da culinária a difundir o dialeto fiorentino, há poucos anos, quando da primeira edição, escolhido como o idioma nacional da Itália recém unificada, para cuja consolidação o livro também colaborou.
É uma obra simples que exalta o prazer de comer bem; mais do que um livro de receitas é um livro de estilo, rico de dissertações, de criações lingüísticas de uma prosa límpida que recorda a cordialidade de uma conversa informal.
No ano de 2020 , data dos duzentos anos do nascimento de Pellegrino Artusi, foram realizadas diversas iniciativas para lembrar este ilustre emiliano-romagnoli de Forlimpopoli: inauguração da mostra 100-120-150 Pellegrino Artusi e a unificação da Itália na Cozinha em diversos idiomas que circulou o mundo, e até mesmo a emissão de um selo comemorativo.