No filme de Antonioni a cidade de Ravenna tornou-se o pano de fundo de uma incessante transformação cromática obtida seja através da adoção de técnicas de vanguarda, seja de verdadeiras e próprias colaborações da paisagem, com estradas e bosques que foram pintadas com cores originais, dos tons cinza lívido capaz de bem representar a insensibilidade quase mineral do mundo vista com os olhos da protagonista.
Embora sendo ambientado na Ravenna bizantina, Deserto Vermelho escolhe nos conduzir pelo matagal da antiquíssima
floresta de pinheiros, que no passado cobria todo o litoral e que ainda hoje, densa e pitoresca serpenteia em direção a
Cervia entre a
Basílica de S. Apolinário em Classe e a área arqueológica de
Classe.
Movendo-se para o norte, mas sempre no litoral adriático, o filme segue o percurso que de Ravenna toma a Estadual 67 Tosco-Romagnola e, ao longo do
Canal Candiano ou Corsini, leva na ampla zona industrial, para a ilhota de aço “
Sarom”, em
Marina de Ravenna, com a sua bela praia perto da
Pineta S. VItale e suas cabanas nas margens do porto do canal, denominado
Porto Corsini (aberto em 1736 por ordem do papa Clemente XII Corsini).
Antonioni escolheu representar um espaço que fosse pontuado por cordas, correntes, amarras, grades, portões e postes que poderiam separar quanto mais possível os personagens dos expectadores: as fábricas da paisagem industrial de Ravenna que tivessem estruturas metálicas tubulares.