Eles ouvem sobre isso no bar de Adolfo (Francesco Guccini) que é o ponto de agregação deles: nasce assim Radio Raptus, rebatizada Freccia no próprio dia no qual é encontrado morto por overdose em um fosso, Ivan Benassi, vulgo Freccia, porque tem na têmpora uma marca de nascença com esta forma. Em 2002 Ligabue dirige o seu segundo filme, Da zero a dieci.
Ligabue conta os anos Setenta a seu modo, segundo paisagens e paisagens da vila em que nasceu Correggio na província de Reggio Emilia. Não por acaso Radiofreccia se abre com uma longuíssima visão geral que nos créditos de abertura nos apresenta da periferia do lugar até o seu núcleo histórico, que vem apresentado com uma tomada frontal da porta com arcos que conduz a praça principal e aos edifícios mais antigos, todos acompanhados pelos tradicionais pórticos cobertos.
O tempo dos protagonistas é aquele da saída dolorosa da placenta morna do bar, do bilhar, das brincadeiras na pracinha central, é um abrir-se para a esperança no meio do campo de futebol local, gritando o próprio ingresso na vida pelo microfone de uma minúscula radio de interior, situada em um velho edifício do centro, nunca reformado.
Quando sai do quadrilátero central de
Correggio, Ligabue muda-se para o campo nos arredores a
Novellara ou na praça
central de Carpi na província de Modena, concedendo-se uma homenagem a Don Camilo e Pepone, com uma sequência que se desenvolve próximo do letreiro que indica a cidade de
Brescello, onde Guareschi ambientou os romances da sua célebre série.
De relevo aparece o trabalho de Stefano Giambanco no duplo papel de cenógrafo e figurinista: a reconstrução do
bar Laika (o bar central relatado há vinte anos antes) onde acontecem muitas cenas é um importante elemento narrativo.
Muitos dos atores são originários da Emilia e foram escolhidos também com o desejo de dar uma precisa força linguística para a história. São vozes de uma terra que se sentem , se difundem, se propagam pelos microfones da Radiofreccia.